sábado, 26 de novembro de 2011

Derby intenso

Nos prognósticos para um derby ouve-se imensas vezes o velho ditado do mundo da bola de que “a equipa que está pior é que vence”. Contudo, o momento actual de ambas as equipas não nos permitiu referi-lo, porque a motivação das duas estava elevadíssima, com o S.L.Benfica ainda invencível esta época e o Sporting C.P a fazer um bom arranque na Liga Portuguesa, encontrando-se a um ponto de distância do seu rival.

Jorge Jesus surpreendeu ao colocar Jardel no lugar de Luisão, até porque M.Vitor se afigurava como o substituto natural. Apesar da boa entrada de M.Vitor contra o Manchester United, Jardel acrescenta mais velocidade à defesa encarnada e mais centímetros para os lances aéreos. Por outro lado, Domingos colocou Carriço a pivot, relegando A.Santos para o banco de suplentes, uma opção estratégica que evidenciava uma maior preocupação (inicial) com o aspecto defensivo (marcação a Aimar) do que com o ofensivo, já que A.Santos acrescenta uma maior qualidade à posse de bola do Sporting. Para além deste aspecto, colocou Matias Fernandez como falso extremo, no sentido de fechar espaços no meio-campo em organização defensiva.

Na primeira parte observou-se uma intensa pressão de ambas as equipas. Nenhuma conseguiu ter o domínio do jogo por completo, acentuavam-se as preocupações defensivas de ambos os treinadores e os lances de perigo surgiram através de bolas paradas. No Sporting Matias Fernandez era o quarto médio em organização defensiva e com bola procurava sempre movimentos interiores deixando a linha para J.Pereira, situação que se alterou com a entrada de Carrillo, jogador que deu outra largura ao ataque leonino e mais criatividade em situações de 1x1. O Sporting tentou pressionar alto, não deixando os centrais e Javi Garcia iniciarem o processo de construção ofensiva, em que Elias juntava-se a Wolfswinkel na primeira linha de pressão. Com esta pressão intensa o Benfica só conseguia alguma clareza na posse de bola, quando esta chegava aos pés de Aimar ou Witsel. 

 O Benfica “afunilava” um pouco o seu jogo, porque a largura e profundidade do seu jogo ofensivo depende em grande medida dos seus laterais e aí, Maxi Pereira estava retraído pela marcação a Capel (que era a referência do Sporting na transição defesa-ataque) e Emerson não tem características de lateral, mas sim de defesa-esquerdo, até porque não desequilibra no ataque e cumpre defensivamente com muito esforço perante jovens como Carrillo. O golo surgiu em boa altura para o Benfica num lance de bola parada muito bem executado por todos os intervenientes.

A expulsão de Cardozo, obrigou Jorge Jesus a tirar Aimar, entrando Rodrigo mais fresco para pressionar e tentar condicionar ao máximo a participação dos defesas do Sporting no processo ofensivo. Para além disso, a sua velocidade permitia-lhe ser a referência na transição defesa-ataque do Benfica. Ruben Amorim também entrou para fechar o lado mais forte do Sporting, que utiliza preferencialmente Capel para criar desequilíbrios. No momento da expulsão, Domingos tirou Carriço e colocou A.Santos, porque agora necessitava de ter bola e de a circular com critério e qualidade. Diferentes preocupações de jogo resultaram em diferentes escolhas para a posição de pivot.

Por outro lado, o Benfica jogou com duas linhas de quatro jogadores mais Rodrigo, conseguiu agrupar-se e defendeu com agressividade a vantagem no marcador.

De salientar o bom desempenho dos dois Guarda-Redes, sem dúvida daqueles que dão pontos à sua equipa. No S.L.Benfica Witsel afigura-se como o cérebro da equipa, sendo muito inteligente nos vários momentos do jogo, entende perfeitamente quando deve acelerar ou retardar o ritmo do jogo e raramente perde uma bola. No Sporting, Elias revela-se excelente na pressão, aparece bem em zonas de finalização e alia a sua disponibilidade física a uma grande capacidade táctico-técnica.