quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Concepções de treino e competição

Todos os treinadores de futebol têm as suas ideias de jogo, mas para ter sucesso o treinador deve ser coerente, no modo como pretende fabricar o jogo da sua equipa. Quem tem ideias não muda facilmente, quem está sempre a mudar de ideias é porque não tem ideias nenhumas. A pior coisa que pode acontecer a um treinador é a mistura de ideias em função das contingências do envolvimento.

A denominada Periodização Táctica preconizada pelo professor Vítor Frade, diferencia-se das demais concepções de treino e de competição, e é com base nos seus pressupostos que tento periodizar e operacionalizar as minhas ideias de jogo.

Primeiro é importante identificar correctamente todas as correntes metodológicas, para depois se decidir qual a que devemos implementar para “cozinharmos” o jogo que pretendemos para as nossas equipas. É importante conhecer para se poder decidir!

A minha ideia não é a mesma daqueles que acreditam: na divisão da época desportiva por períodos ou fases com o objectivo de alcançarem picos de forma nas alturas mais importantes da época; no treino das capacidades físicas para obter ganhos no jogo; na divisão da componente física, técnica, táctica e psicológica na periodização/planificação do treino.

O sucesso de José Mourinho originou um novo “mito sebastianista”, porque em Portugal todos os agentes desportivos tentavam encontrar um novo Mourinho e foi evidente que alguns “predestinados” conseguiram promover-se com esta associação, apesar de tentarem passar uma imagem de afastamento ao melhor treinador do Mundo. A certa altura muitos treinadores referiam que os seus treinos tinham a presença da bola do inicio ao fim, mas esta forma de pensar não se pode confundir com a Periodização Táctica. Apesar da presença da bola em muitos exercícios, a preocupação era treinar a componente física ou técnica abstracta ou um jogo geral. Esta prática não faz parte das minhas ideias de futebol!

A Periodização Táctica centra-se “na operacionalização de um “jogar” através da criação e desenvolvimento contínuo do Modelo de Jogo e portanto, dos seus princípios. Neste contexto, a periodização e programação do processo confere primazia à Táctica ou seja, regula-se no desenvolvimento de uma organização colectiva que sobrecondiciona a variável física, técnica e psicológica. O processo centra-se na aquisição de determinadas regularidades no “jogar” da equipa através da operacionalização dos princípios do Modelo de Jogo assumindo-se por isso, num Treino Específico (Gomes, 2006).”

Bibliografia:
Gomes, M. (2006). Do Pé como técnica ao pensamento técnico dos pés dentro da caixa preta da periodização táctica : um estudo de caso . Monografia realizada no âmbito da disciplina de seminário do 5º ano da licenciatura de Desporto e Educação Física. Porto: FADE-UP.

7 comentários:

  1. Espero que a Periodização Táctica seja cada vez mais conhecida aprofundadamente pelos treinador portugueses

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  2. A coerência é um factor indispensável em qualquer actividade do quotidiano e por isso o futebol não é excepção. No entanto, julgo que os treinadores devem ser capazes de adaptar as suas ideias ao jogadores que têm disponíveis porque por vezes a falta de flexibilidade mental leva também ao insucesso. Isto não implica a perda de identidade de jogo, mas sim um alargamento da aplicação de ideias. E estou completamente de acordo que ainda pior que não ter ideias é imitar ideias de outros e de facto, se é possível ser melhor que o José Mourinho, não é seguramente possível ser-se igual a ele. O Carlos Azenha, o Vítor Pontes e o José Couceiro que o digam...

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  3. Como diz o papai Frade "só muda de ideias facilmente que nao as tem...porque quem tem ideias defenda-as!"

    Tiago Rocha

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  4. Caro amigo Nelson´com muito agrado que visito este blog. no entanto vai-me desculpar, mas vou ter que ser o Barões e dizer que " não utilze bibliografia. diga só o que sente". Pode por vezes ser contaminado.

    ;)

    FORTE ABRAÇO
    Barões

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  5. Caro amigo,
    Acho muito bem que se procure seguir aquilo que se aprendeu e se observou durante um ou dois anos. Contudo a periodização táctica não é de autoria original do tal Professor. Apesar de eu apreciar muito a sua capacidade, os seus pressupostos seguem linhas ideológicas anteriores ao denominado nascimento desta periodização.
    Outro aspecto que considero importante relevar, é que já começam a surgir novas correntes que visam o treino de formas diferentes, e Mourinho é um caso desses, onde a sua forma de trabalhar poderemos considerar ser um upgrade da periodização táctica. Além disso, perspectivando que só daqui a 15, 20 anos estaremos a trabalhar a top, se lá chegarmos claro, parece-me rudimentar trab com uma periodização que nessa altura terá por volta de 50 anos.
    Aprendam com todos mas n fiquem presos a ninguém.

    Saudações londrinas

    Pedro Silva (Mota)

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  6. Caro amigo Pedro Silva
    O Futebol daqui a 15/20 anos certamente que não será o mesmo e cabe aos treinadores, prepararem-se da melhor forma possível para as mudanças, com uma necessidade obrigatória de se actualizarem e investirem na sua formação. Porque, tenho a sensação que os treinadores mais experientes do momento, pararam no tempo...o discurso deles é o mesmo de há 10 anos atrás, espero que isso não aconteça connosco.

    Abraço e obrigado pelas participações

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  7. Ola de novo,

    Não concordo muito com a constância de discurso, vejamos Mourinho, Wenger, Jesualdo, Fergunson, e tantos outros que conhecemos. Em 10 anos mudaram mt e acima de tudo o seu futebol mudou mt, o que implica naturalmente um discurso e uma comunicação diferente. Talvez para os media aí sim, poderemos pensar nisso, mas mm nesse aspecto nota-se bem a procura numa preparação melhor para cada entrevista. Não sei se tens visitado e acompanhado as grandes equipas técnicas em Portugal, mas se puderes vai ver e vês a mudança do exterior e interior.
    E n falo do labrego do Jesus lol, falo de treinadores com sabedoria e educação.

    Abraço e n é preciso agradecer, é um prazer participar e só enriquece um site como este. Para além de rever ex-colegas que dá sempre um gosto especial

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